Duratex investir R$ 1,3 Bilhão de reais na fábrica de Nova Ponte/MG

 

Fonte: Revista Isto é

Empresa investe R$ 1,3 bilhão em uma nova fábrica em Minas Gerais, para aumentar em 34% sua capacidade de produção de painéis

Por Cláudio GRADILONE

 

Nascido no Paraná, o engenheiro florestal Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duratex, considera-se um quase mineiro. “Meus pais são de Minas Gerais, e boa parte da família ainda mora no Estado”, diz ele. Isso justifica sua animação com o novo investimento anunciado pela empresa na quinta-feira 13. Superstição à parte, a companhia de painéis de madeira controlada pela holding Itaúsa, que também controla o Itaú Unibanco, vai ampliar em 34% sua capacidade de produção de painéis de MDP e MDF por meio da construção de uma nova fábrica no município de Nova Ponte, na região do Triângulo Mineiro.

 

Prevista para estar em plena operação em 2017, a nova unidade terá capacidade para produzir 1,4 milhão de metros cúbicos de painéis por ano. “Esse é o maior investimento da história da Duratex”, diz Oliveira, que trabalha na companhia há 27 anos e assumiu sua presidência no ano passado. No total, será desembolsado R$ 1,3 bilhão, usando tanto recursos próprios quanto financiamentos do BNDES. Outra justificativa para a animação de Oliveira são as características geográficas do empreendimento. A principal matéria-prima dos painéis é a madeira. É um material pesado, rústico, de baixo valor agregado e difícil manejo.

 

Após cortadas, as árvores têm de ser descascadas, as folhas retiradas e os troncos e galhos maiores precisam ser transportados à fábrica. Lá, as toras de pinheiro ou de eucalipto serão pulverizadas e pressionadas com resina, transformando-se nos painéis, destinados à indústria de móveis e, em menor escala, à construção civil. Assim, garantir que as florestas fiquem próximas da fábrica é algo crucial para reduzir os custos. No caso da Nova Monte Carmelo, nome da nova unidade da Duratex, a distância média é de 35 quilômetros. “É um dos menores índices do mundo”, diz Oliveira. Para conseguir essa vantagem logística, Oliveira foi, literalmente, conversar com os vizinhos.

 

A Duratex já possuía uma gleba de 52 mil hectares a cerca de 120 quilômetros de sua unidade em Uberaba, até então a maior fábrica do grupo. Desse total, 38 mil hectares são dedicados ao cultivo de eucaliptos e os 14 mil restantes são preservados. Na divisa com essa área, o grupo florestal Caxuana possuía 30 mil hectares de terra, dos quais 21 mil já plantados com eucaliptos. Há mais de uma década a Duratex tentava fechar negócio, sem sucesso. No entanto, no fim de 2013, quando os investimentos na fábrica estavam para ser anunciados, os vizinhos demonstraram – mineiramente, é claro – intenção para negociar, aproveitando a sucessão no grupo.

 

Oliveira não perdeu tempo para fechar negócio, o que provocou um adiamento de três meses no anúncio da nova fábrica, que já vinha sendo estudada havia quase uma década. “Arrendamos essa gleba por 39 anos, o que nos garante o fornecimento de toda a matéria-prima necessária”, diz Oliveira. Para isso, a Duratex pagou R$ 150 milhões, dos quais R$ 50 milhões em caixa e os R$ 100 milhões restantes entregando um lote de 5,6 mil hectares de terras cultivadas com eucalipto na região de Bauru, oeste do Estado de São Paulo. A fazenda entregue à Caxuana também foi arrendada pela Duratex por 39 anos. “Isso garante custos baixos, devido à facilidade logística, e um resultado bastante previsível”, diz ele.

 

Os analistas gostaram. Karina Freitas, da corretora paulista Concórdia, avalia que a construção da nova unidade deve garantir a liderança da empresa no mercado brasileiro. Segundo ela, o investimento terá alguns pontos negativos, como a elevação do endividamento, o que poderá provocar oscilações das ações no curto prazo. No entanto, segundo Karina, como o mercado tem crescido em um ritmo superior ao da economia em geral, a decisão será benéfica no longo prazo. Oliveira diz estar otimista com relação aos prognósticos do mercado. Cerca de 80% da produção de painéis, tanto os de MDP quanto os de MDF, destina-se à produção de móveis.

 

“A demanda por painéis aumentou 7,5% ao ano entre 2004 e 2013, mesmo com as oscilações no crescimento da economia”, diz ele. O mercado brasileiro, explica, registra uma situação única no mundo. Em outros países, a predominância é pelas placas de MDP, mais baratas, que respondem por dois terços do mercado, sendo que o MDF representa o terço restante. “No Brasil ocorre o inverso, o MDF responde por mais de 60% do consumo”, diz o presidente. “A nova fábrica terá duas linhas de produção e, quando elas estiverem concluídas, poderemos escolher se vamos produzir MDP ou MDF, o que nos dá flexibilidade para atender às demandas do mercado naquele momento.”

 
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