Abaixo o morticínio nas obras da construção

Fonte: Marreta/BH

7 operários tiveram suas vidas ceifadas e outros mais de 20 ficaram feridos devido ao desabamento de um prédio de dois pavimentos, em construção na zona leste de São Paulo,  na avenida Mateo Bei, região de São Mateus; ocorrido na manhã desta terça-feira (27/8). O desabamento total do prédio ocorreu por volta das 8 horas e 30 minutos e a estimativa é que cerca de 35 pessoas estavam na obra de construção de uma loja da rede Torra Torra no momento do acidente - a maioria delas operários. Segundo a Subprefeitura de São Mateus, antes do início da obra, um posto de gasolina funcionava no local.

Segundo denúncias veiculadas na imprensa, na obra funcionava irregularmente um precário alojamento para os trabalhadores e a laje de cerca de 400 metros apresentava colapso estrutural; mesmo assim os operários continuavam obrigados a habitar e trabalhar no local.

Após o desabamento, o Magazine Torra Torra, que instalaria sua loja no prédio, já tenta tirar sua responsabilidade fora, dizendo que "o imóvel não era de propriedade da rede". Segundo a empresa, havia um contrato de locação do prédio e a rede só assumiria o imóvel finalizadas as obras estruturais pelo proprietário - cujo nome não foi informado.

Cadê o nome da empresa e do engenheiro responsável pela obra? Cadê o CREA e a Prefeitura que receberam dinheiro via taxas para fazer a fiscalização da obra e nada fazem? Cadê o governo estadual, o governo federal e a fiscalização do Ministério do Trabalho? Empilham-se os corpos, mas não há um responsável. A impunidade campeia no país e fatos criminosos como esse acontece todos os dias no país.

Os operários da construção lançamos nosso brado de protesto: nós, que construimos as edificações desse país, estamos sendo massacrados. Em São Paulo mesmo já ocorreu desabamento com mortes nas obras do metrô e em outros prédios. Em todo país, à todo momento, operários são mutilados e morrem em "acidentes" de trabalho, ou mais exato, em crimes premeditados pela ganância patronal. O governo é cumplice das mortes causadas por esse desabamento e também pelas demais mortes de operários por não fiscalizar efetivamente os locais de trabalho, não punir os empresários assassinos, e desmontar e coibir a ação das equipes de fiscalização.  

Nas obras vinculadas diretamente aos governos municipal, estadual e federal, como nas construções de Escolas, Postos de Saúde, Hospitais, Penitenciarias, Programa "Minha Casa, Minha Vida", obras do PAC, dos estádios, são onde acontecem as maiores irregularidades, com a existência até de trabalho escravo. A migração intensiva, aliciamento de operários em regiões pobres e distantes dos locais para onde os trabalhadores da construção são empregados, o uso absoluto de terceirização das atividades, o alojamento dos operários em locais insalubres e inadequados, a imposição de jornadas de trabalho exaustivas, de domingo a domingo, são alguns dos abusos que ocorrem cotidianamente por todo o país.  

Esse gravíssimo desmoronamento em São Paulo escancara a realidade da construção e a revoltante situação a que são submetidos os operários da construção por todo o país.

 

EXIGIMOS CONDIÇÕES SEGURAS E DECENTES DE TRABALHO!

EXIGIMOS PUNIÇÃO DAS CONSTRUTORAS ASSASSINAS!

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